Honda CB 600F Hornet: usada da vez
Conheça um pouco mais de uma das motos mais vendidas no mundo e veja fotos das gerações. Saiba o que observar na hora de comprar um modelo usado
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Ela foi a moto mais vendida na Itália durante meses. Entre todas as categorias! Desde que foi apresentada ao mundo, em 1998, a Honda CB 600F Hornet tornou-se em sonho de consumo de toda uma geração. O projeto simples era equipado com o consagrado motor quatro cilindros em linha de 102 cv que antes equipava a CBR 600R, devidamente “amansado” para 95 cv. Curiosamente ela recebeu o nome Hornet (Vespa) apenas na Europa e no Brasil, porque nos Estados Unidos este nome era de propriedade da Chrysler. Nos EUA, ela era chamada de Honda 599.
A receita de sucesso se baseava na simplicidade. Nenhuma carenagem, suspensão traseira monoamortecida, freios poderosos, fácil de pilotar e nas primeiras versões do mercado exterior tinha roda dianteira de 16 polegadas. Assim que foi lançada surgiram competições monomarca em vários países e inundaram as pistas. O baixo custo e facilidade de preparação foram o segredo para formar uma legião de pilotos.
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No Brasil, ela chegou em 2004, já produzida na Zona Franca de Manaus e com rodas de 17 polegadas. O grande apelo de marketing da época era o motor totalmente exposto, graças ao quadro sem traves laterais. E ainda o charme da mangueira do radiador envolvida em uma serpentina de metal.
Velocidade e consumo
Logo atraiu o gosto do brasileiro, tanto pelo visual esportivo, acentuado pelo escapamento saindo por cima, quanto pelo motor que tinha quase 20 cv a mais do que a concorrente da época: a Suzuki Bandit 600 ou até mesmo mais potente do que a Suzuki GSX 750F. O motor ainda era carburado, mas econômico para os padrões da época. Lembro de eu mesmo ter feito vários testes com média de consumo de 18,5 km/litro. A velocidade máxima chegava a 225 km/h em condições ideais. Já a aceleração de 0 a 100 km/h era em 3,5 segundos.
Outro apelo que atraiu o brasileiro foi o conforto do piloto, mas nem tanto para garupa, porque as pedaleiras do passageiro são muito elevadas. Também tinha o inconveniente do refluxo dos gases do escapamento que “defumava” quem viajava na parte de trás. Nada disso afetou as vendas.
Recordes de vendas no Brasil
Aqui ela bateu recordes seguidos de vendas e, até hoje, estas primeiras versões carburadas são muito procuradas e valorizadas. Pode-se encontrar Hornet da primeira geração a partir de R$ 18.000, chegando a mais de R$ 30.000, conforme a cidade e estado de conservação.
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Evolução da Vespa
Não demorou para a reação da concorrência aparecer. Com a poderosa Yamaha Fazer 600 e uma nova Suzuki Bandit, com motor arrefecido a líquido. Por isso, a Hornet passou pela primeira grande atualização em 2008, recebendo injeção eletrônica, suspensão dianteira invertida, novo quadro mais moderno, freios ABS opcionais e escapamento saindo por baixo, com um enorme catalisador/silenciador. O motor ganhou cavalaria, passando para 102 cv a 12.000 rpm. Já o desempenho não aumentou na mesma proporção porque as leis de emissões se tornaram mais rigorosas. A velocidade máxima chegou a 230 km/h e a aceleração de 0 a 100 km/h em 3,2 segundos.
A grande conquista do novo motor foi no consumo, chegando na casa de 22 km/litro sem esforço. O grande responsável pelo bom consumo é o torque elevado de 6,53 kgfm a 10.500 rpm, que permite ao piloto desfrutar do motor desde as baixas rotações sem precisar trocar de marcha.
Papa Hornet?
Esta geração 2 da Hornet foi uma forma de a Honda bater de frente com a concorrência, especialmente da Yamaha Fazer 600, com caráter ainda mais esportivo, a ponto de receber o apelido injustificado de “papa Hornet”. Na verdade, as duas têm desempenho quase igual. Mas em números de venda a Honda, sempre nadou de braçada. Não só pela capilaridade da rede de concessionária, mas também porque a Fazer durou pouco tempo no mercado.
Esta nova versão da Hornet foi uma repetição do sucesso da primeira geração. Mais esportiva, com visual ainda mais agressivo, tornou-se não só um objeto de desejo de quem estava na categoria 250/300cc como virou símbolo de moto “grande”. Foram feitas músicas, como rap e funk em homenagem à Hornet. Mas aí, claro, atraiu também o que não presta: os ladrões. A Hornet passou a ser uma das motos mais roubadas no Brasil, em proporção, e pilotar uma se tornou prova de coragem. O seguro foi para as alturas e ela quase desapareceu das capitais.
Hornet vestida
Não demorou muito para surgir a versão carenada da Hornet. Com o nome de CBR 600F ela veio em 2011, com semiguidões fixados nas bengalas, no mais puro estilo esportivo. Com mesma mecânica e estrutura da Hornet repetiu o sucesso e ganhou mais um período de sobrevida até sair definitivamente de linha em 2015. Depois veio a série 650cc, também produzida em Manaus até hoje.
Esta versão carenada da Hornet é uma das mais raras do mercado de usadas porque foram produzidas poucas unidades. O principal atributo é o motor “liso” com muito torque em baixa, o conforto da carenagem integral e a pilotagem fácil. Geralmente é a primeira quatro cilindros carenada dos motociclistas iniciantes. Vinha na versão com ou sem ABS. Difícil mesmo é achar alguma para venda. Os preços variam de R$ 35.000 a R$ 45.000.
O que se deve observar em Hornet usada?
Nas primeiras versões carburadas, o principal é o funcionamento equilibrado dos quatro carburadores. Não é fácil equalizar os quatro para trabalharem perfeitamente. Faça um teste deixando a moto em marcha lenta até esquentar e conferir se há falhas.
Já nas versões com injeção eletrônica, o funcionamento é mais linear e sem “engasgos”. O motor trabalha em equilíbrio mesmo frio. Dependendo da quilometragem rodada, é preciso verificar se há emissão de fumaça azul pelo escapamento, se há algum tipo de vazamento no motor e o estado do kit de relação coroa/corrente/pinhão.
A manutenção da Hornet não é barata, especialmente se forem utilizadas peças originais. Felizmente no mercado encontram-se muitas peças genéricas, como pastilhas de freio, kit de relação, manetes que suavizam o orçamento, mas em caso de queda as peças originais são fáceis de achar, porém caras.
Por fim, dê preferência a motos em estado original. É comum donos de Hornet tirarem a extensão do para-lama traseiro, substituir a ponteira do escapamento e outros acessórios. Quanto mais original, mais valorizada e maior a liquidez na hora de vender.
Esta reportagem foi originalmente publicada em pacificparkanimalhospital.com e não pode ser reproduzida por outras mídias sem autorização.
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Por
Tite Simões
Geraldo 'Tite' Simões ?jornalista e instrutor de pilotagem na Speedmaster.